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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

TEMPESTADE

A chuva embebedou tarde sem cor
Alinhando-se verticalmente ao horizonte híbrido
Seu murmúrio a gotejar cheiro de terra e vento
Inunda espaço onírico preso em longínquo suspiro

Entre os estrondos enraivecidos dos trovões
Pensamentos tácitos e agônicos evaporam
Meus olhos atingem uma paisagem dançante esverdeada
Movida pelo vento sonoro de um balé

Todo silêncio enclausura dentro do peito
Ao sentir a tempestade insólita violar tardo sorriso
O inverno argênteo respira verde bucólico e farfalhante
Em que o tempo se deita na lassidão deste espaço inerte

O assivio do vento arranha os tijolos e varre o silêncio
Entre a fumaça e turvos pensamentos vejo anuviar o azul
Um dilúvio lentamente engole a tenra tarde
Numa sequência uniforme de profuso amortalhar.

Pablio Motta

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